Fórum Global Ecomobilidade, em Almada, discute o espaço público

Aconteceu na última sexta-feira o Fórum Global Ecomobilidade: “Reinventar a mobilidade urbana. Mudar a forma como nos movemos e vivemos a cidade”, organizado pela Câmara Municipal de Almada, a Agência Municipal de Energia de Almada, a Câmara Municipal de Lisboa, o Movimento Menos um Carro e a EcoMobility Alliance

 

O encontro, realizado no Teatro Municipal Joaquim Benite, em Almada, teve dois prestigiados oradores, Gil Peñalosa e Konrad Otto-Zimmermann, que partilharam soluções criativas e inovadoras para responder aos desafios de mobilidade urbana em diferentes cidades de todo o mundo.

Também foi apresentada a iniciativa “Menos um carro”, em que a Aspea é parceira, que consiste no ideal de uma mobilidade urbana mais sustentável, com o objetivo convidar os cidadãos a repensar o uso cotidiano do automóvel na cidade e debater alternativas mais saudáveis e eco-eficientes.

 

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O evento começou com discursos de Carlos Manuel Castro, Vereador da Segurança e Proteção Civil, e Joaquim Estevão Judas, Presidente da Câmara Municipal de Almada. Ambos relataram a necessidade de se mudar a base de como pensamos a mobilidade urbana e como o poder público precisa investir no conforto, segurança e eficácia dos transportes. Carlos Manuel ainda ressaltou a importância da bicicleta como agente transformador em saúde e transporte público.

Em seguida, o Presidente da APA - Agência Nacional do Ambiente -, Nuno Lacasta, falou do movimento Menos Um Carro e transporte alternativo: “Os carros não são mais benvindos no centro da cidade, parece duro, mas a lógica da mobilidade mudou do dia para a noite”, disse. “Hoje falamos de transporte alternativo, coisa que há 10 anos não era nem pensado”, completa.

Após sua fala, os parceiros idealizadores do Movimento Menos Um Carro foram convidados para assinar um documento de comprometimento, a vice-presidente da Aspea, Fátima Matos Almeida, representou a Associação. A Aspea também esteve presente no evento pelo projeto O Clima é Connosco, que consiste em um conjunto de ações de comunicação e de sensibilização ambiental para o empowerment climático. Um Plano do Comunicação que visa informar, sensibilizar e promover a participação e a responsabilização do público em geral e das comunidades escolares, em particular, para o compromisso com a sustentabilidade face às alterações climáticas.

Fundador e Presidente da Associação 8 80 Cities, Gil Peñalosa fez uma apresentação sobre seu projeto. Nos últimos 8 anos, trabalhou em mais de 200 cidades diferentes nos seis continentes com o foco de incidir sobre a concessão e utilização de ruas e parques verdes como grandes espaços públicos, e a relevância da mobilidade sustentável, a marcha a pé, a bicicleta e os transportes públicos na criação de cidades vibrantes, dinâmicas, saudáveis e acessíveis.

“A gente aprendeu a sobreviver, agora precisamos aprender a viver”, disse Peñalosa. “Vendemos a ideia que toda mudança é difícil, mas não uma desculpa para melhorar o aproveitamento do espaço público”, completou o orador.

Por fim, foi a vez de Konrad Otto-Zimmermann falar de suas experiências. Ele é pioneiro na defesa dos modos suaves nas cidades, tendo iniciado e gerido o projeto “Cidade Amiga da Bicicleta”, desenvolvido na Alemanha entre 1978 e 1984, e criado o conceito de “Umweltverbund” em 1986, cuja designação internacional “EcoMobility" veio a ser adoptada em 2007.

Ele Fundou a Aliança Global para a EcoMobilidade (Global Alliance for EcoMobility) e promoveu os Festivais Mundiais de EcoMobilidade de Suwon (República da Coreia, 2013), de Joanesburgo (África do Sul, 2015) e de Kaohsiung (Formosa), a realizar em 2017. Assista ao vídeo.

Atualmente é Diretor Criativo da The Urban Idea GmbH, sediada em Friburgo, na Alemanha, um pequeno grupo de estúdios que apoiam e criam ações de inovação urbana. Os Festivais Mundiais consistem em um bairro ficar um mês sem uso de carro e, segundo ele, foi um sucesso entre os cidadãos: “Antes dos festivais houveram manifestações contra a medida, porém, após a experiência, o número de adeptos à reinvenção da mobilidade urbana local subiu muito”, disse.

Pedro Neves, da Aspea | Fotos: Pedro Neves