Reflexão final sobre o curso "Escola Floresta"

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O curso Arquimedes Forest-School, em Inglaterra, começou, para mim, de forma surpreendente: uma caminhada pela floresta a participar numa narrativa de seres “mágicos” da floresta – tendo o dragão amigo e os duendes como principais personagens imaginadas, como se fossemos nós crianças.

Este foi o mote: para se caminhar com cuidado e em silêncio por entre espécies da floresta local, observando folhas, tronco, flores e frutos, com vários órgãos dos sentidos; para se encontrar e manipular elementos mágicos - a “baba” colorida do dragão, por exemplo; para “ajudar os duendes”, o culminar lúdico e criativo da atividade com a construção de diversos elementos miniatura (ex.: casinhas dos duendes) na floresta.

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E continuando com atividades diversas muito práticas, foi-se construindo um puzzle mental e emocional. Desde atividades de serração de troncos e construção de espias de acampamento com madeira, até à aprendizagem de como fazer uma fogueira sem fósforos nem isqueiro. Até à (re)descoberta de espécies de árvores através da observação de folhas e descrição oral, houve sempre um forte espírito de equipa que se foi cimentando ao longo da semana de formação intensiva.

Inclusive, os momentos de avaliação e reflexão sobre as atividades que íamos fazendo tinham sido desenhados para usufruirmos da floresta e usarmos elementos naturais, incluindo cordas e nós técnicos que íamos aprendendo, estratégias de “sobrevivência”, etc.

Assim, através do contacto com elementos naturais e de dinâmicas colaborativas, a metodologia “Escola Floresta” consegue desenvolver uma série competências transversais na criança/jovem - o desenvolvimento da auto-estima, da auto-regulação, da motivação intrínseca, empatia, criatividade, competências de socialização saudável e entreajuda (incluindo, neste caso, a ajuda a uma aluna invisual), atitude positiva perante obstáculos concretos, motricidade, independência, entre muitas outras. Tudo sem elementos pré-formatados, livre, em equipa ou sozinho, apelando à negociação permanente, ao cuidado pelo espaço do outro, pelas opções do outro, sem gritos, em respeito e em harmonia.

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No final, o puzzle ficou completo aquando da reflexão sobre que valências (a nível social, físico, de comunicação, espiritual, emocional, intelectual) estavam a ser desenvolvidas durante cada atividade, e tudo se encaixou. É um método de desenvolvimento e aprendizagem holístico.

Recomendo a todas as educadoras, educadores, pais, que mesmo não querendo ser líderes de Escola-floresta, aprendam fazendo e complementem com este método.

Sara Carvalho