Projeto MAPEAR em Aveiro

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A Escola Secundária Dr. Mário Sacramento faz parte de uma rede de escolas parceiras do "Projeto MAPEAR - Mapeamento Ambiental colaborativo da qualidade do ar e ruído". Este projeto de Educação Ambiental, de âmbito nacional, coordenado pela Associação Portuguesa de Educação Ambiental (ASPEA) e financiado pelo Fundo Ambiental 2020, tem como objetivo a promoção da literacia socioambiental na comunidade educativa e a discussão sobre os impactos do ruído e da poluição do ar nos metabolismos urbano e humano.

Sob o título "Vamos pôr a Escola Secundária Dr. Mário Sacramento no mapa?" o projeto começou a ser implementado no início de outubro, contando com o envolvimento das duas professoras que lecionam a disciplina de Física e Química A nas quatro turmas de Ciências e Tecnologias do 11º ano de escolaridade, Carla Miguel e Helena Duarte e da professora de Filosofia destas turmas, Conceição Sousa; posteriormente, foram envolvidas as diretoras de turma (também professoras de Português) Ana Paula Melo e Helena Vaz Duarte. No total, foram abrangidos pelo projeto 110 alunos das quatro turmas.

A partir da primeira reunião, as professoras envolvidas consideraram imediatamente que este tema seria também da maior pertinência no âmbito da implementação dos DAC (Domínios de Autonomia Curricular) e da Educação para a Cidadania, áreas obrigatórias ao nível do ensino secundário. Por essa razão, pretendeu-se englobar o máximo das disciplinas na recolha, análise e discussão dos resultados assim como na proposta de ideias que contribuíssem, a nível local, para a melhoria da qualidade do ar e de ruído; nesta fase, entraram como colaboradores os professores de Matemática e Educação Física, além das professoras de Física e Química A, Filosofia e Português, que já se encontravam a trabalhar com os alunos.

Numa primeira fase (meados de outubro a meados de novembro) procederam às medições do nível de ruído, de gases poluentes (monóxido de carbono e dióxido de azoto, sobretudo) e de partículas em suspensão, utilizando sensores open source. Nessa fase, os alunos efetuaram, duas vezes por dia, o seguinte percurso:

  • A. Parque da Fonte Nova
  • B. Largo Mercado Manuel Firmino
  • C. Ponte Praça
  • D. Sé Catedral
  • E. Escola Secundária Dr. Mário Sacramento

 

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O primeiro percurso acontecia às 8h da manhã, do ponto A para o ponto E; às 13.15h, os alunos faziam o percurso em sentido inverso, ou seja, do ponto E para o ponto A; os alunos que faziam as medições no período da tarde, levavam os sensores para casa, procediam ao carregamento dos powerbanks, descarregavam o ficheiro que continha a leitura dos valores dos gases enviavam para a drive; os mesmos alunos asseguravam as medições do dia seguinte, de manhã, passando os sensores para os colegas, durante a manhã, nas aulas.

Cada aluno voluntariou-se, de acordo com a sua disponibilidade, para efetuar o percurso num dos dias da semana e proceder às tarefas subsequentes; em cada dia, o percurso foi feito por um grupo de 3 alunos, em sistema de rotatividade; os grupos foram progressivamente disseminando os procedimentos envolvendo a totalidade das quatro turmas do 11º ano do curso de Ciências e Tecnologias da escola sede, num total de 110 alunos; destes, 41 aderiram de forma voluntária na primeira fase do projeto.

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Foi selecionada uma primeira turma que recebeu a visita do Vasco Neves numa aula disponibilizada por uma das professoras envolvidas; nessa reunião, os alunos foram informados, de uma forma muito genérica, de quais os procedimentos a ter com os sensores, quais os aplicativos a instalar, etc.; três alunos dessa turma estiveram presentes, posteriormente, na formação de professores onde, mais uma vez, viram ao pormenor todas as ligações, aplicativos e demais procedimentos; esses alunos fizeram um ensaio do percurso no dia 18 de outubro (domingo), junto com a professora de Física e Química A, acertando pormenores relativamente ao percurso, aos pontos de paragem e contabilizando o tempo total desde o ponto A ao ponto E; procederam a uma medição preliminar nesse dia; iniciaram as medições no dia 19 de outubro, segunda feira.

Durante o processo, muitos imprevistos aconteceram, muitas dificuldades foram surgindo e, o núcleo de alunos que iniciou todo este processo acabou por ter um papel crucial, na medida em que sempre asseguraram a continuidade do projeto; nunca disseram não, disponibilizaram-se sempre para ajudar os colegas, acompanharam os mais receosos, esclareceram todas as dúvidas, e substituíram ausências imprevistas (muitas vezes com prejuízo do seu tempo pessoal, do seu tempo de lazer, do seu tempo de descanso e de estudo). Na realidade, não teria sido possível implementar o projeto na nossa escola sem a sua ajuda, colaboração, voluntariado, mas também sem o seu grande entusiasmo. Obrigada António Nifo, José Gonçalves, Simão Ferreira, Miguel Cabral, Hugo Koppensteiner, Filipe Gaio, Vicente Marques, Mafalda Afonso, Francisco Falcão, Tiago Pedrosa, Alice Alves e Inês Silva pela vossa colaboração e ajuda.

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Entretanto, no passado dia 10 de novembro, decorreu um workshop sobre “Democracia, Participação Pública e Cidadania Ativa” num total de três horas de formação por videoconferência. Foi feito o convite a todos os 41 alunos ativamente envolvidos na primeira fase de implementação do projeto na nossa escola. Estiveram presentes onze alunos desta turma inicial, revelando, mais uma vez, um enorme interesse por esta problemática; estiveram presentes mais duas alunas de duas das restantes três turmas envolvidas.

 

"Nesta primeira fase do projeto, no começo estávamos um pouco reticentes devido aos constrangimentos não só a nível técnico (manuseamento de equipamento) mas também a nível de conciliar horários e disponibilidades dos participantes. Mas tudo se revelou exequível após os primeiros dias de medições, embora ainda tivéssemos algumas dificuldades com algumas conexões e exportações dos ficheiros (sonómetro e medidor de partículas).
Nesta segunda fase queremos levar este projeto para a frente, pois é com estes projetos que conseguimos realmente fazer a diferença e passar de um simples estudo para a intervenção social e acho que estamos prontos para isso e temos tudo o que é preciso para fazer este projeto andar.
Estamos prontos para começar este desafio!"

Filipe Gaio, 11ºD

 

"Enquanto aluna da turma que teve o contacto inicial com o projeto MAPEAR pude observar em primeira mão o desafio que foi colocado nas nossas mãos. Primeiramente, tínhamos sido contextualizados do objeto em estudo, o design dos aparelhos e o tratamento de dados; porém a componente prática (medições com os instrumentos) tinha sido explicada de forma muito sucinta, o que provocou alguma agitação, visto que uma grande parte dos alunos continuava com dúvidas. Adicionalmente, surgiram outros imprevistos relacionados com a gestão do tempo. Quanto ao percurso e horário das medições, foram-nos impostas algumas regras rigorosas de que não estávamos à espera. No entanto, provámos ser capazes de nos organizar e efetivamente cumprir os requisitos. A ajuda mútua foi essencial não só entre colegas como também entre outras turmas a quem tivemos de passar os conhecimentos adquiridos pela experiência.

Num dos dias em que a recolha de dados estava à nossa responsabilidade, voluntariei-me para realizar as medições e deparei-me com algumas dificuldades, entre elas o funcionamento interrompido de uma das aplicações e o consumo elevado de energia do instrumento medidor de ruído. Mais tarde, tive também conhecimento de que houve um problema de registo de dados de outro aparelho, mas felizmente não tardou em ser resolvido.

Constrangimentos à parte, a verdadeira razão pela qual aderi a este projeto desde o início foi precisamente por acreditar que, apesar de nos encontrarmos numa situação invulgar de pandemia, podia experienciar algo de novo; tomar iniciativa e intervir em contexto ambiental; contribuir de alguma forma para o bem social; mentalizar-me doutras realidades.

Creio que com o projeto MAPEAR podemos crescer mais um bocadinho, tanto individualmente como em grupo.”

Ana Mafalda Afonso, 11º D

 

"Trabalhar no Projeto MAPEAR foi um privilégio para nós pois nunca nos tínhamos deparado com algo semelhante. Quando nos apresentaram a ideia pela primeira vez ficámos bastante entusiasmados com a possibilidade de fazermos um trabalho de campo, em que nos era pedido para irmos para a rua recolher dados. Na segunda-feira que se seguiu tivemos a oportunidade de ver os aparelhos que iríamos utilizar e foi-nos explicado como usá-los, mas logo nos apercebemos que iria ser um grande desafio porque quando saímos da sala parecia que tínhamos todos levado uma “injeção” de informação e já colocávamos as mãos à cabeça só de pensar na tarefa que iria ser aprender a funcionar com os aparelhos de medição. A verdade é que não era assim tão difícil, tanto que na semana seguinte começámos as medições.

Durante o período de medições houve alguns percalços como alguns lapsos do género dos alunos se esquecerem de começar a gravar os dados nas aplicações de recolha ou mesmo quando as aplicações não permitiam que se gravasse os dados até ao fim e interrompesse as medições. Erros estes que fazem parte do processo de aprendizagem e não achamos que tenham um grande impacto no resultado final.

Um grande constrangimento que tivemos desde o início do projeto foi o tempo de que pudemos usufruir para a sua realização. Tivemos 1 mês para fazer as medições (entre 4 turmas), analisar os dados e apresentar o projeto final, o que me parece uma tarefa hercúlea.

Com atividades deste género desenvolvemos o nosso espírito crítico, aprendemos como trabalhar em equipa e a importância de o fazermos. Também exercemos o nosso dever cívico quando intervirmos na vida política para tentar sensibilizar as pessoas a alterar alguns dos seus comportamentos que consideramos nocivos para a nossa saúde e quando propomos medidas para serem adotadas nas nossas cidades. Por estas razões é que este tipo de projeto é muito importante para a nossa formação como cidadãos. Que um dia nos lembremos dos valores consolidados nesta atividade e possamos aplicar nas nossa vidas já como homens e mulheres deste país.”

Vicente Marques, 11ºD

10 de dezembro de 2020

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