XXVI Jornadas Pedagógicas de Educação Ambiental | Conclusões
Três dias de trabalho intenso, mas creio que também para todos compensador, pela troca de experiências, pelas aprendizagens partilhadas, pelo reconhecimento dos pares e pelo reforço/motivação para continuarmos empenhados no desenvolvimento interventivo da educação ambiental.
Tivemos oportunidade de ouvir 2 conferências, 6 comunicações em painel, 23 comunicações orais breves, 11 comunicações sobre recursos pedagógicos, olhar e analisar 8 posters e a 7 bancas de projetos e trabalhos, assistir à apresentação de 4 performances artísticas, por alunos da ESEQ, de grupos e projetos de cidadania da freguesia dos Olivais, participar em 6 oficinas pedagógicas (4 das quais com duas sessões) e 4 visitas técnicas todas com duas sessões, distribuídas pelos 4 eixos temáticos que compunham a temática geral do programa A Educação Ambiental como processo (trans)formador para a construção de Ecocomunidades.
Esta partilha de informações, conhecimentos e experiências foi reforçada pelas conversas informais nos momentos de pausa das várias sessões que de alguma forma colmataram a sempre falta de tempo para a discussão mais aprofundada dos assuntos que para cada um dos 255 participantes presentes é mais relevante.
Na apresentação de projetos desenvolvidos, em desenvolvimento ou em fase de arranque, na reflexão sobre os processos metodológicos e operacionais de desenvolvimento desses mesmos projetos, dos resultados esperados e/ou alcançados e dos seus efeitos multiplicadores podemos destacar alguns aspetos que cruzaram tanto as comunicações como os diálogos gerados em torno destas e que foram expressas na dinâmica de grupo que sustentou a síntese do evento e perspetivas futuras. Começava por destacar a necessidade de:
- - ação tanto como forma de transformação social e comunitária, como instrumento de ensino-aprendizagem de forma a criar maior consistência e impacte da aprendizagem;
- - fortalecer os processos colaborativos e de cocriação que se têm desenvolvido tanto em contexto de educação ambiental no sistema educativo, como em contexto de educação ambiental na sociedade, como forma de ação cidadã interventiva, participativa e reinvindicativa;
- - intervenção e participação de toda a sociedade, com especial relevância para os jovens, no processo de avaliação e consulta da ENEA e de outros tantos outros processos participativos que demandam a nossa atenção enquanto cidadãos e educadores;
- - reconhecimento efetivo da Interação e da Importância da Educação Ambiental com e nos processos emergentes de implementação da Economia Circular, da Descarbonização e da Sustentabilidade Energética;
- - avaliar a eficácia do trabalho desenvolvido, dos usos e recursos de equipamentos e infraestruturas de suporte à Educação Ambiental, de forma a poder aferir e ajustar trajetos de desenvolvimento dos projetos de ensino-aprendizagem, que permitem uma maior eficiência, articulação e coerência com os cenários de incerteza identificados no contexto das alterações globais e de bom uso de recursos públicos;
- - mais e melhor envolvimento social, pois todos somos fatores de mudança, todos somos atores, todos somos responsáveis. Neste contexto é particularmente importante a inclusão dos jovens. Aqui é importante realçar o crescente envolvimento dos jovens nas Jornadas, quer enquanto membros da estrutura organizativa, quer como agentes de ação da temática ambiental.
Coincide o término destas Jornadas com a comemoração do DIA INTERNACIONAL DA MULHER, esta coincidência leva-nos a chamar a atenção para o facto de a Educação e a Educação Ambiental em particular ter sido e ser um “reduto” de ação feminino com “pontuais” incursões masculinas. Senão atentemos a uma estatística simples destas Jornadas (moderadores – 5 M 1 H; responsáveis de atividades – 7M e 3H; Conferencistas – 0M e 2H; Oradores Painelistas – 4M e 2H; Oradores de Comunicações Breves – 26M e 7H; Representantes de Entidades Oficiais – 5M e 6H). Surge neste contexto a “evidência” do reflexo que o reconhecimento e reforço da valorização da Mulher na sociedade tem, no Reconhecimento e Valorização do Papel da Educação Ambiental na construção e transformação dos territórios e comunidades e vice-versa. Evidencia também o caracter holístico da Educação Ambiental.
Nas Jornadas do ano passado fomos “afetados” pelo efeito do “fenómeno Greta” e da 1ª Greve Estudantil pelo Clima (em Portugal). Na altura deixamos inscritos nas conclusões que e passo a citar “Agora, qual semente, precisa de ser cuidada para que possa crescer ainda mais e possa transformar a paisagem internacional.” Passado um ano podemos dizer que essa semente já está a criar raízes, é ainda muito sensível, continua a necessitar de atenção e cuidados reforçados, tanto mais que como todos seres vivos está sujeita a ser afectada por doenças, pragas, vírus…
É importante referir que não há problemas ambientais, há sintomas ambientais de problemas humanos, ou seja, os problemas ambientais são problemas sociais, por isso, todas as ações que contribuam para a resolução desses problemas, contribuem para combater os sintomas ambientais.
Por último, e como sempre, é da mais sumária justiça o reconhecimento do trabalho desenvolvido por todos os educadores (professores, animadores ambientais e sociais) que se mantêm comprometidos e, contra ventos e marés, vão dando continuidade às ações e atividades de educação ambiental.
Drª Filomena Cardoso Martins
Professora associada no Centro de Estudos do Ambiente e do Mar (CESAM)
da Universidade de Aveiro