Permaculture for All - Youth Exchange
Duas carrinhas e duas jovens simpáticas, Marta e Carolina, da associação SUSTINEA, esperavam-nos na estação de comboios de Ourense - Galiza, no norte de Espanha. Lá, conhecemos quase todos os participantes vindos de Espanha, Portugal, Itália e Grécia, e... a empatia entre todos foi imediata.
A possibilidade de conhecer jovens de diferentes culturas e línguas e a expectativa de 5 dias em profunda conexão com a natureza, e em harmonia com os princípios da permacultura, deixou-nos a todos muito animados e receptivos.Com interessantes dinâmicas de grupo e jogos lúdicos, fomos-nos conhecendo melhor e envolvendo-nos cada vez mais com o significado geral da permacultura e os seus campos de ação, representados simbolicamente pela flor da permacultura. Entendemos que os nossos modos de vida não podem existir isolados e que cada ação/decisão que empreendemos influencia a comunidade global. Também entendemos que a sustentabilidade das nossas sociedades, uma cultura permanente, só será alcançada promovendo a ligação entre os saberes ancestrais e a vanguarda científica e tecnológica dos nossos dias.
Alegrados com estes pensamentos e sentimentos e com a preciosa ajuda das nossas educadoras, começamos a entender a importância de estarmos conectados e, portanto, de compartilharmos os nossos sentimentos e necessidades. Assim, todas as manhãs, após o pequeno-almoço, reuníamo-nos num círculo de compartilhamento e de energização, reforçando o nosso objetivo maior, rumo à harmonia entre nós e a natureza circundante. E, aqui, novamente, fomos abençoados pela sabedoria ancestral da consciência coletiva, lembrando e reconhecendo o contributo dos princípios toltecas para o sucesso da nossa comunidade destes 5 dias e para as nossas outras comunidades, pós-evento. Estando conectados, instintivamente poderíamos trabalhar juntos, cuidando da Mãe Terra, cuidando uns dos outros e cuidando do futuro.
Para um maior apoio e melhor integração de todas as suas potencialidades o grupo foi convidado a formar pequenos grupos - “family groups” - nos quais pudéssemos compartilhar ideias, pensamentos e pedir apoio, procurando o melhor de nós mesmos. Ter um amigo secreto, além do desafio da criatividade e da diversão, reforçou a nossa missão de cuidarmos uns dos outros. Também deixamos a mãe natureza falar conosco e guiar os nossos pensamentos e ações, mergulhando profundamente na floresta de Ordelles. Em círculo, e depois, individualmente, entramos em contato com as árvores-mães, o solo-mãe, e os seus seres viventes, e com os antigos povos desta aldeia, sentindo e entendendo que todos juntos podemos SER UM, em abundância, resiliência e sublimação constante, em direção à melhor versão de nós mesmos e do nosso incrível planeta hospitaleiro.
Totalmente energizados e motivados, sentimos que poderíamos dar o nosso contributo e fazer parte da solução. Apoiados pelos princípios do Dragon Dreaming, ouvimos a nossa voz interior, sobre que domínios a explorar e, sem darmos conta conscientemente, já estávamos a sonhar com o nosso propósito e proposta para o mundo, de acordo com a ética e os princípios da Permacultura.
Eu, como representante da ASPEA, e os meus colegas de grupo, trabalhamos num projeto de saúde e bem-estar com orientações para o dia-a-dia das nossas vidas ocupadas. Todos os domínios básicos da nossa existência são importantes e consomem muito do nosso tempo, energia e preocupação, e isso é tão intenso que, a dado momento, nos esquecemos e nos desconectamos das nossas necessidades reais e da nossa orientação interior. Então, ficou bem claro para mim que deveríamos investir mais nos conhecimentos espirituais ancestrais, que continuam a chegar até nós, adaptados aos nossos conceitos e vidas modernas, praticando individualmente, mas também nas famílias e até nas equipes de trabalho ... E foi claro para mim que deveria fazê-lo, todos os dias e promovê-lo com os outros, e para os outros também. A única forma de nos conectarmos para o mesmo objetivo e com a mesma inspiração que ali vivenciamos. Foi, então, muito interessante ver a magia de todos os projetos planeados naquele momento, e a forma como se conectaram perfeitamente. Com esta experiência co-criamos a mudança que queremos ver e, acima de tudo, sentimos que podemos fazer acontecer essa mesma mudança.
Ficamos ainda mais motivados e inspirados, e tentamos ver o que poderíamos fazer, ali mesmo, no nosso grupo comunitário e na comunidade local, para aplicar os conceitos da permacultura e as ideias dos nossos projetos. Visitámos a agro-floresta criada nas proximidades e planeamos uma intervenção de manutenção e monitorização das plantas cultivadas, alguns meses antes. Com os dados obtidos fizemos algumas reflexões e propusemos alguns reajustes ao design anterior. Em relação à comunidade local, concordámos em proporcionar um encontro festivo com as pessoas da aldeia em que nos encontravamos, como forma de retribuirmos o carinho com que nos receberam. Preparámos uma noite intercultural na véspera do final do encontro, com jogos tradicionais, música, dança, show cooking e algumas ofertas- surpresas, nomeadamente o nome dos participantes nas várias línguas do intercâmbio juvenil. As pessoas contaram muitas histórias das suas vidas e recordaram os tempos de vida do albergue onde estavamos hospedados, ainda como escola primária. Pudemos sentir a sua simpática hospitalidade e a sua forma de viver reforçada e inspirada pela Natureza. Foi uma experiência muito bonita e todos ficamos muito gratos por estes momentos, juntos.
No último dia, fizemos a avaliação final do evento, dentro de cada “family group”, destacando as aprendizagens e as experiências mais impactantes do encontro e discutindo os compromissos pessoais que iríamos assumir ao regressar a casa. Compartilhamos, de seguida, as nossas reflexões em conjunto com todos os participantes, e sintonizados pela mesma energia vibracional agradecemos a oportunidade de nos termos conhecido, e em particular à Marta e à Carolina, pelas suas sábias partilhas.
Revelamos, por fim, o nosso amigo secreto com emoção e dedicamos algumas mensagens de despedida e encorajamento entre todos. Foram 5 dias de intensas experiências e aprendizagens que passaram muito rápido, mas que nos deram fortes motivações para continuarmos a construir uma comunidade sustentável em harmonia com todos os seres e com o planeta, comprometendo-nos a melhor compreendermos a Natureza e todos os humanos. Estamos agora a espalhar por toda a Europa os sentimentos que vivemos em Ordelles e que agora partilhamos com todos os que nos rodeiam. Em nome da equipa portuguesa, queremos testemunhar que é uma experiência que todos os jovens deveriam usufruir, pelo enriquecimento intercultural e pessoal inerente e por ser guardiã zeladora do NOSSO FUTURO. O nosso agradecimento ao Erasmus + por providenciar estes encontros e por nos ajudar a evoluir e a encontrarmos a nossa melhor vesão em comunhão e em sintonia com o nosso planeta!