"Vemos, ouvimos e lemos. Não podemos ignorar." - Começaram as XXIX Jornadas Pedagógicas de Educação Ambiental
A 29º edição das Jornadas Pedagógicas de Educação Ambiental, decorre este fim de semana, de 14 a 16 de abril, em Manteigas. Na sessão de abertura, foi evidenciado o papel que a Educação Ambiental pode desempenhar na gestão do património natural e rural (e seu restauro), no cumprimento dos objetivos europeus e na prevenção de riscos ambientais. Joaquim Ramos Pinto, enalteceu a importância de um envolvimento coletivo, principalmente jovens, e o voluntariado, assim como a importância do trabalho de campo prático.
"É importante reivindicar uma maior proteção ambiental e social de populações mais vulneráveis, nomeadamente de comunidades periféricas e rurais, que estão mais expostas a riscos provocados pelas crises ambientais e crise climática."
Joaquim Ramos Pinto (ASPEA)
O Vice-Presidente da Câmara Municipal de Manteigas, Sérgio Marcelo, mostrou-se muito agradado por acolher a 29ª edição das Jornadas e entusiasmado com os três dias de atividades e debate em torno da gestão florestal. Referiu ainda que a Câmara Municipal de Manteigas estará sempre disponível para se associar a iniciativas que tragam ao debate o tema da gestão florestal e educação ambiental.
Anabela Simões (ICNF) enumerou das virtudes naturais, estéticas e identitárias do mar e da terra de Portugal, com especial destaque para a Serra da Estrela. Tendo em conta este valor e as alterações climáticas atuais, deve ser fomentada uma economia circular amiga do ambiente (com menos consumo) que reconheça e aproprie os valores naturais enquanto o preserva e restaura.
"Reconhecer valor leva à apropriação e, por inerência, ao cuidar. Cuidar conduz à melhoria do estado de conservação dos valores naturais e a melhoria do estado de conservação facilita o reconhecimento de valor e... reconhecer valor leva à apropriação, recomeçando um novo, e melhor, ciclo."
Anabela Simões (ICNF)
Inspirado pelo mote "Pensar global, agir local", José Alho (Vice-presidente da CCDR-LVT), referiu a importância da gestão integrada nos territórios rurais para além dos centros urbanos, sendo a educação dos jovens a chave. Reforçou a importância de não se tratar as áreas naturais como "catedrais no meio do deserto", deixando o incentivo esperançoso de que os pequenos territórios rurais podem também ser a vanguarda na luta pelo planeta.
João Gonçalves (Diretor da DGEstE), começou por subscrever tudo o que foi dito até então e louvou o trabalho com escolas e associações, apontando a necessidade da educação no desenvolvimento dos países. Falou da importância da inclusão e a sua multiculturalidade pedagógica e civilizacional, da flexibilidade de trabalho e a sua adaptação a todos, da imersão na educação ambiental e vantagens do trabalho de campo e, por último, da relevância da igualdade não só de acesso, mas de sucesso também.
"Estas jornadas propõem uma reflexão sobre a gestão das florestas para que as comunidades ricas em biodiversidade sejam valorizadas pelas suas riquezas naturais e compensadas por manter os serviços de ecossistema, provenientes das florestas e espaços rurais, clamando urgência em promover uma educação para o risco e para o Ambiente."
Francisco Teixeira (APA)
Francisco Teixeira (APA) camou a atenção para "os 3 relatórios internacionais que não podemos ignorar", referidos pela investigadora Luísa Schmidt, no espaço de opinião Qualidade Devida, do semanário Expresso: o Relatório do IPCC, que aponta riscos de cheias e desertos, o Relatório da ONU sobre o problema da água, que revelou o risco extremo de escassez de água doce, e a Revisão do Desempenho Ambiental de Portugal 2023 da OCDE, que concluiu insuficiência geral e inação na economia circular e gestão de resíduos.
Para este ano, propôs-nos a reflexão na riqueza natural e sua preservação/regeneração, a diminuição de emissão de gases com efeito de estufa, mais literacia ambiental, mais espírito crítico, mais cidadania sustentável e mais compromissos políticos responsáveis (nomeadamente no uso consciente dos fundos europeus).
Referiu ainda que devemos todos tentar alcançar um compromisso colaborativo, estratégico e de coesão na contrução da literacia ambiental em Portugal que, através de uma cidadania inclusiva e visionária, possa conduzir a uma mudança de paradigma civilizacional. Pois, como nos diz Sophia de Mello Breyner Andressen, na Cantata da Paz, canção de Francisco Fanhais, "Vemos, ouvimos e lemos. Não podemos ignorar. Vemos, ouvimos e lemos. Não podemos ignorar."
Artigo escrito por: Inês Costa e Garcês e Oli Pires (Agência Jovem de Notícias)