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Histórias de um “Rio de Vida”

Rio_de_Vida

Na oficina “Rio de vida”, uma das atividades do segundo dia das XXVI Jornadas Pedagógicas de Educação Ambiental, os participantes tiveram a oportunidade de partilhar as memórias do seu rio através de entrevistas aos seus colegas.

Para preservar e conservar os rios e ribeiras é necessário ter em consideração as componentes biológica e ecológica, mas também as componentes cultural, social e histórica, a história oral e as memórias que as pessoas têm dos rios são extremamente importantes para atingir este objectivo.

Vamos agora conhecer um pouco mais da vivência de Diana Loureiro (engenheira do ambiente) com o rio Tejo e de Adelson Loureiro (estudante) com o rio da sua infância, em Guiné-Bissau. Ambos participaram na oficina.

Pergunta: O que é para ti o Rio?

Diana: O rio Tejo foi e ainda é visto como um recurso para agricultura. Atualmente é visto como ecossistema a preservar e proteger, felizmente. Mas esta alteração deve-se à questão da poluição.

Adelson: Designo-o como parte da minha vida, porque no meu país (Guiné Bissau) eu passava praticamente o dia inteiro no Rio com os meus amigos e familiares.

P- Quais as lembranças que tens à volta do Rio?

Diana: Não tenho muitas lembranças do rio Tejo na infância, aliás, lembro-me mais de ver o rio nas Portas do Sol, em Santarém, concelho vizinho, do que no meu concelho de origem e atual trabalho. Só quando comecei a trabalhar como técnica do município é que criei a ligação ao Tejo “naquela parte” do rio.

Adelson: As lembranças são as de ir nadar ao rio, pescar, apanhar algumas espécies marinhas com amigos e familiares, como forma de socializar.

P- Qual a ligação que tens com o Rio atualmente?

Diana: Tive uma ligação profissional inicialmente, quando comecei a trabalhar no município, atualmente criei uma ligação mais sentimental para além da profissional. Não só com o rio mas também com as zonas (húmidas) existentes no concelho.

Adelson: As ligações que tenho recentemente são somente emocionais, que residem nas lembranças, pois hoje não vejo as subidas do nível da água dos rios, não convivo com os mariscos como antes, já não convivo com o rio como convivia antes.

P- Qual a tua ligação ao Rio, ao longo da tua infância?

Diana: Como referi na 2ª questão não tive muita ligação ao rio Tejo no município onde cresci (Alentejo). Tinha mais ligação a outros ecossistemas aquáticos.

Adelson: A minha infância foi muito marcante, pela forma de convivência nos rios. A minha infância era o rio, porque usávamos sempre o rio como forma de socializar.

P- O que é que gostariam, para o futuro, para vosso Rio?

Diana: Gostaria que a comunidade local tivesse uma ligação ao rio, não o ver só como um recurso mas também como um ecossistema único, que devem preservar e proteger. Mas ao mesmo tempo ter em conta que o rio continua a ser um recurso para a agricultura e a pesca, que temos de conjugar tudo isto: o património cultural, natural, social e económico. Assim como construir memórias nas novas gerações, que eu não tive com o rio Tejo.

Adelson: Para o futuro, que é já amanhã, temos que começar hoje. Em primeiro lugar, as autoridades têm de elaborar legislação para protecção dos rios, em segundo, sensibilizar ou formalizar programas educativos, desde a infância para a consciencialização e, por último, envolver as comunidades para as lutas que as associações estão a enfrentar.

Artigo redigido por Núria Rodrigues

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